O livro "Humanismo de mercado: etnografia de uma prisão privatizada", de Aline Passos, abre a Coleção Abolicionistas. Com essa coleção, a IK pretende trazer ao debate público a produção intelectual sobre as práticas e teorias abolicionistas feitas por ativistas e acadêmicos nas mais diversas experiências em todo o Brasil.
Em "Humanismo de mercado", Aline Passos retrata as estratégias de gestão de uma prisão privatizada no nordeste brasileiro. A partir de pesquisa etnográfica realizada dentro e fora da unidade prisional, a análise escapa do lugar comum dos indicadores de gestão que buscam estabelecer qual o melhor modelo de gerenciamento carcerário, e apresenta como Estado e mercado operam modulações de dominação que se beneficiam reciprocamente. Desta forma, o livro transita por discursos e práticas de privatização das prisões que, pouco a pouco, deslocam o problema do gerenciamento de condições ambientais – higiene, lotação, segurança - para a própria existência e permanência da prisão como prática de tortura institucionalizada e socialmente aceita. No que se poderia pensar como modelos distintos e opostos de encarceramento – públicos ou privados – a autora encontra mais complementariedade, retroalimentação, compensações mútuas, e a permanência de uma condição de desumanização dos sujeitos presos que precede e se sobrepõe aos meandros da administração da tortura porque é sua própria condição de existência.
Como bem diz Amós Caldeira, na quarta capa do livro, "Aline Passos atravessa muros físicos e ideológicos para demonstrar o que deveria ser óbvio: uma prisão é uma prisão." A autora "alia rigor teórico-metodológico a um compromisso político abolicionista para responder: e se humanizarmos os presos, há prisão possível? Uma prisão é uma prisão, que esta obra contribua para a destruição de todas."
A edição deste livro conta ainda com três textos extras: Andre Depieri de Albuquerque Reginato, professora da Universidade Federal de Sergipe, assina a escrita da orelha; Paulo Sérgio da Costa Neves, professor da Graduação em Políticas Públicas da UFABC e da Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais, é o prefaciador do livro; e Amós Caldeira, idealizador do projeto Traduções Abolicionistas, escreve o texto da quarta capa.
Humanismo de Mercado: etnografia de uma prisão privatizada
Aline Passos é Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestra em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e graduada em Direito também pela UFS. Indicada ao prêmio de melhor tese do ano em 2022 pela ANPOCS, atua na área acadêmica há mais de uma década, e, em paralelo, como advogada, pesquisadora e militante abolicionista penal. Mais recentemente, com a chegada da maternidade atípica, dedica-se aos direitos de pessoas com deficiência e suas cuidadoras. Hoje, vive em Aracaju, Sergipe, com sua mãe, Olga, e seu filho Benjamin, e mantém uma newsletter sobre seu cotidiano como mãe solo de uma criança autista.
EDIÇÃO Bruno Xavier e Vinicius Mendes
CAPA Fabiana Wolf
REVISÃO Aline Haar
REVISÃO FINAL Bruno Xavier
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Vinicius Mendes
PREFÁCIO Paulo Sérgio da Costa Neves
ORELHA Andrea Depieri de Albuquerque Reginato
QUARTA CAPA Amós Caldeira
CONSELHO EDITORIAL
Allan de Campos Silva
Bruno Xavier
Jean Tible
COORDENAÇÃO DA COLEÇÃO ABOLICIONISTAS
Allan de Campos Silva
Bruno Xavier
[2025] Todos os direitos desta edição reserevados à
EDITORA IGRÁ KNIGA
São Paulo - SP